Busca algo a mais, se sente pronto para encarar um novo grande desafio, uma nova experiência acadêmica que alie crescimento profissional ao desenvolvimento pessoal? Fazer um mestrado na Itália pode ser a opção certa para você que, após a graduação, sente a necessidade de continuar estudando e se atualizando.
Se você está pensando em sair da sua zona de conforto, acompanhe, neste artigo, como funciona o processo seletivo do mestrado na Itália, o que é necessário para poder se inscrever e como enfrentar a burocracia italiana.
Buona lettura!
Como fazer mestrado na Itália?
Para fazer mestrado na Itália, você precisará:
- Procurar o curso e a Universidade italiana que mais lhe agradam;
- Conferir os valores da anuidade e custo de vida na cidade;
- Ficar atento ao processo seletivo e se inscrever;
- Tirar o visto de estudante (caso seja cidadão europeu: não é necessário!);
- Embarcar!
Como se organizar, considerando a diferença de calendário, burocracia e mudança?
Essa é uma ótima pergunta. O ideal é começar a procurar um curso e ler sobre a universidade, além de providenciar a tradução juramentada e apostilar toda a documentação, pelo menos, um ano antes da sua mudança. Desta forma, você não atrasada a sua ida e nem se desespera com a burocracia!
Entendi. Mas… E agora?
Confira o passo a passo que preparamos para você!
Como são os mestrados na Itália?
Tira-dúvidas rápido: o mestrado na Itália se chama “Laurea magistrale” (LM), cuja duração é de 2 anos e dá ao estudante o título de “Dottore/Dottoressa magistrale”. São necessários 120 CFU (credito formativo universitário) para completar o curso, dos quais cerca de 24 CFU são destinados à pesquisa e à dissertação final e 9 CFU ao estágio obrigatório.
É preciso estar atento e não confundir Laurea magistrale com Master: o primeiro é o mestrado acadêmico, o segundo um curso de pós-graduação na Itália voltado ao mercado de trabalho.
O MAECI – Ministero degli Affari Esteri (Ministério de Relações Exteriores da Itália), através de uma FAQ, tira as dúvidas mais frequentes dos alunos interessados em cursar um mestrado na Itália.
O ano acadêmico começa em setembro/outubro e vai até junho/julho. Logo, o primeiro semestre, inicia em concomitância com o ano acadêmico e termina em dezembro. O segundo semestre, por outro lado, começa em fevereiro/março.
Os cursos de mestrado na Itália têm as matrículas abertas durante todo o primeiro semestre do ano acadêmico, sendo possível, desta forma, começar o curso tanto no primeiro semestre como no segundo semestre.
E como escolher um curso?
O portal Universitaly, do Ministero dell’Università e Ricerca (o qual faz parte do Ministero dell’Istruzione) disponibiliza todos os cursos de mestrado na Itália reconhecidos pelo Ministério em questão.
Lá, você poderá conferir quais são os cursos de mestrado que exigem exames de admissão, quais são ministrados em inglês, entre outras informações.
Processo seletivo
O processo seletivo para fazer o mestrado na Itália varia de programa a programa. Isso porque cada departamento decide como será o processo de seleção. Na maioria das vezes, não é necessário ter um projeto de pesquisa pronto. A seriação dos candidatos é feita através da análise do histórico escolar e currículo.
O lado positivo disso é que, muitas vezes, o exame de admissão não existe. Ou seja, o aluno pode se inscrever no curso desejado sem passar por processos de pré-seleção: são as chamadas “facoltà/corsi a numero aperto” ou “senza test d’ingresso”. Muitos cursos de graduação, inclusive, são acessíveis sem “vestibulares”.
O vestibular na Itália engloba os cursos concorridos ou mais técnicos, como:
- Medicina e Medicina em inglês;
- Cursos da área sanitária;
- Odontologia;
- Medicina veterinária;
- Arquitetura;
- Pedagogia (Scienze della formazione primaria).
Esses cursos são chamados “Corsi a ciclo unico” e não são previstos cursos de mestrado nessas áreas. Existem ainda graduações que podem ser “a numero chiuso”, ficando a disposição de cada universidade:
- Engenharia;
- Biotecnologia, Farmácia, Biologia, Química, Química e tecnologia farmacêutica;
- Psicologia;
- Educação física;
- Design.
Nesses casos, porém, são previstos cursos de mestrado.
Graduação: importante na hora de se matricular em um mestrado na Itália
O mestrado na Itália, por outro lado, leva em consideração o seu percurso acadêmico durante a graduação. Em outras palavras, para que você possa dar continuidade aos estudos e se inscrever em um mestrado, é necessário comprovar a validade e a pertinência do seu curso de graduação.
Por esse motivo, o Departamento diretamente interessado, através de um Conselho de professores, precisa emitir um documento chamado “nulla osta” (literalmente “nenhum impedimento”). Essa autorização será encaminhada para à Secretaria geral, que dará prosseguimento ao processo de matrícula. Caso o nulla osta seja negado, o aluno não poderá se inscrever naquele específico programa de pós-graduação.
Conselho: não hesite em perguntar para a Secretaria do Departamento escolhido se o seu percurso de Graduação é reconhecido ou não como percurso de estudos pelo programa de mestrado escolhido por você! Antes de se mudar para a Itália, leia a respeito do curso desejado, veja quais são os pré-requisitos e contate a Secretaria. Melhor não arriscar a sua chance de morar na Itália, não é mesmo?
Como se candidatar ao mestrado na Itália? Passo a passo
Para se candidatar ao mestrado na Itália você deve ter atenção aos editais que as universidades abrem. Depois que você escolher a universidade e o curso, e juntar todos os documentos necessários, você deve fazer a candidatura através do site da universidade. Algumas universidades não têm a candidatura pelo site aberta, por isso, se for o caso, você poderá fazer a candidatura em um consulado italiano no Brasil.
O aluno brasileiro que tenha a intenção de cursar um mestrado na Itália deverá traduzir e apostilar os seguintes documentos:
- Diploma da Graduação;
- Histórico escolar da Graduação com notas e número de créditos de cada disciplina cursada;
- Diploma do Ensino médio;
- Histórico escolar do Ensino médio.
Além destes documentos, é imprescindível ter:
- Passaporte brasileiro válido;
- Diploma de língua italiana nível B2 (CELI ou CILS, por exemplo);
- Seguro saúde ou CDAM/IB2;
- Demonstração de renda (mínimo 448,52€ por mês).
Uma vez que você tiver em mãos toda a documentação, chegou a hora de escolher o curso desejado de mestrado na Itália desejado e se pré-inscrever no portal Universitaly.
Algumas universidades exigem outros procedimentos, como a Universidade de Bolonha, que pede o teste ETS. Por esse motivo, é importante conferir o site de cada Universidade.
Eu aconselho sempre entrar em contato com a Secretaria do Departamento que oferece o curso desejado e tirar todas as dúvidas, como, por exemplo:
- O departamento aceita o meu curso de graduação?;
- Eu tenho o número mínimo de CFU (180 CFU ou 4.500 horas)?;
- Existem vagas destinadas exclusivamente aos alunos internacionais?
Eu tenho a cidadania italiana/europeia, preciso me pré-inscrever?
Caso você tenha a cidadania italiana (ou europeia) e tenha certeza de que a sua graduação será aceite pelo Departamento, a pré-inscrição não é necessária, e desta forma, você poderá se matricular diretamente na Universidade.
Qual o valor de um curso de mestrado na Itália?
As anuidades das Universidades italianas não costumam ser muito salgadas. Elas são calculadas com base na renda de cada família. Para os alunos internacionais, porém, existe uma taxa fixa, que não passa dos 2.500€ por ano.
Abaixo, você pode ver alguns exemplos:
Universidade | Anuidade |
Università Bocconi (particular) | 13.000€ |
Università Cattolica del Sacro Cuore (particular) | 7.400€ |
Università di Bologna | 2.200€ |
Università di Perugia | 800€ |
Università di Roma La Sapienza | 1.000€ |
Politecnico di Torino | 1.900€ |
Como conseguir uma bolsa de estudo de mestrado na Itália?
Trabalhar na Itália e fazer mestrado é possível, mas bastante desafiador. Primeiramente, porque é um país estrangeiro: pensar e estudar o tempo todo em outra língua é bastante cansativo. Em segundo lugar, porque quanto mais você demora para se formar, mais as taxas aumentam.
Diritto allo Studio Universitario (DSU)
Por isso, é interessante procurar bolsas de estudo na Itália. O direito à educação, na Itália, é garantido através do Diritto allo studio universitario (DSU). Cada agência regional fica responsável pela promoção e distribuição das bolsas de estudo a partir da situação financeira de cada aluno. Tais agências são financiadas através de verbas municipais, estatais e regionais.
Em média, a bolsa de estudos é de cerca 400€ por mês e dá direito à fruição gratuita do restaurante universitário. Caso o aluno opte por uma vaga na moradia estudantil, a bolsa tende a cair um pouco.
Os editais do DSU costumam sair em junho e as inscrições vão até final de agosto/começo de setembro.
Para se inscrever, é necessário:
- Declaração detalhada de renda familiar, traduzida e apostilada;
- Extrato de todos os membros do núcleo familiar, traduzido e apostilado;
- Comprovante de renda de todos os membros do núcleo familiar, traduzido e apostilado;
- Holerite de todos os membros do núcleo familiar, traduzido e apostilado.
Universidades particulares
As universidades particulares, como a Università Cattolica de Milão e a LUISS (com sede em Roma e Milão), por exemplo, também oferecem bolsas de estudo para mestrado na Itália.
MAECI
O Ministero degli Affari Esteri para quem quer cursar um mestrado na Itália. Elas duram de 6 a 9 meses, no valor de 900€ por mês. Elas não cobrem o período inteiro do curso, deixando assim a responsabilidade total ao aluno de se manter durante os outros meses do curso.
Por outro lado, nada impede ao aluno de pedir também a bolsa de estudos na agência DSU local!
Precisa de visto para estudar na Itália?
Se você não possui nenhuma cidadania europeia, o visto de estudante é imprescindível para poder fazer o mestrado na Itália. Sem ele, você não conseguirá se matricular no curso desejado, pedir o Permesso di soggiorno e nem ficar no país legalmente por mais de 3 meses.
O visto para estudar na Itália deverá ser solicitado através do Consulado italiano mais próximo a sua residência. Para solicitá-lo, é obrigatório se pré-inscrever no Universitaly no curso desejado. Caso contrário, o Consulado não poderá aceitar o pedido, uma vez que não existe uma motivação de mudança para o país.
Os documentos exigidos para o visto de estudante são:
- Formulário de pedido de visto;
- Fotografia recente;
- Passaporte com validade superior a 3 meses a partir da data final pedida no visto;
- Comprovativo de alojamento na Itália;
- Comprovativo de meios de sustento;
- Seguro saúde ou IB2;
- Inscrição ou pré-inscrição no curso na universidade da Itália.
A solicitação costuma ficar pronta em cerca de 2 meses.
Melhores mestrados na Itália
Existem cursos de mestrado na Itália em praticamente todas as áreas. Não diria que existe um ranking com os melhores cursos, uma vez que os programas são avaliados a partir de vários critérios, como empregabilidade, nível profissional e acadêmico dos docentes, nota média dos alunos, etc.
Porém, segundo dados do Consorzio AlmaLaurea, 91% dos alunos que saem de um mestrado nas áreas de Engenharia conseguem emprego. A porcentagem é alta também para quem decide cursar mestrado em exatas (87,3%), área da saúde (84,4%) e químico-farmacêutico (83,2%). No caso das Ciências Humanas, a taxa é de 80,4%.
Segundo os dados do CENSIS, os melhores mestrados na Itália são:
- Engenharia – Politecnico di Milano;
- Letras – Università Ca’ Foscari Venezia;
- Economia – Università Statale di Milano;
- Ciências Políticas e Comunicação Social – Università di Roma “Tor Vergata”;
- Psicologia – Università di Trento.
Tem que falar italiano para fazer mestrado na Itália?
A maioria dos cursos de mestrado na Itália são ministrados em língua italiana.
Porém, não se desanime: existem vários programas que são voltados à internacionalização, cuja grade de aulas são inteiramente ministradas em inglês.
O portal Universitaly disponibiliza todos os cursos ministrados em língua inglesa, divididos por Universidades e, por sua vez, elencados em ordem alfabética. São 607 opções em toda a Itália (a sigla do curso de mestrado deve conter LM mais um código numérico). É possível também observar os cursos de mestrado cuja inscrição é livre, sem necessidade de teste de admissão.
No site de cada universidade, da mesma forma, é possível verificar os cursos ministrados em língua inglesa.
Como são as aulas
É necessário ver a grade do curso antes de se candidatar. Muitas universidades não exigem presença nas aulas, por isso os alunos frequentam as aulas “quando querem”. Algumas aulas são dadas para diversos cursos em simultâneo (quando é uma disciplina em comum) e então as aulas são dadas em anfiteatros.
As disciplinas que são específicas do curso têm aulas em salas de aulas comuns ou em laboratórios, dependendo das necessidades da disciplina.
Cheguei na Itália, e agora?
Documentação legalizada e apostilada em mãos, pré-inscrição feita, visto expedido, passagens compradas. Chegou a hora de embarcar!
Quando você já estiver na Itália, você deverá finalizar pedido de matrícula na Universidade e dar entrada no Permesso di soggiorno per motivi di studi. O permesso é o documento que “permite” a sua estadia legal no país como Estudante.
Chegando na Itália, você deverá:
- Realizar o pedido de nulla osta (autorização) para a validação da sua graduação realizada no Brasil, na Secretaria da Universidade que se ocupa de Alunos estrangeiros (por isso é importante entrar em contato com a Universidade antes de se mudar para a Itália!);
- Terminar a matrícula no curso de mestrado desejado;
- Entrar com o pedido de Permesso di soggiorno per motivi di studi;
- Começar a estudar!
Como é fazer mestrado na Itália? Minha experiência
Por se tratar de um curso de pós-graduação, algumas diferenças ficam bastante evidentes.
Idade
A primeira coisa que notei foi a idade média dos alunos: é mais baixa na Itália. Isso porque os italianos se formam na faculdade mais cedo. Diferentemente do Brasil, a graduação italiana dura 3 anos.
Não posso ser jubilado
Na Itália, se por um lado não existe o processo de jubilação; por outro, existe o chamado “Studente fuori corso”, cujo significado seria um aluno que não conseguiu fazer as provas no ano/semestre “ideal”.
Quatro possibilidades por ano para passar em uma prova
O calendário das provas não são organizadas por semestre, como no Brasil. Existem quatro possibilidades de “sessão de provas”: são os chamados “Appelli di esame”.
Em linha de máxima, dividem-se de acordo com as estações: Appello invernale (janeiro-março), Appello primaverile (abril-junho), Appello Estivo (julho-setembro) e Appello atunnale (outubro-dezembro). Se você não se organizar bem, fica muito fácil se “perder” com as provas na Itália.
Notas
As notas vão de 18 a 30. Mas o aluno não necessariamente tem a obrigação de aceitar a nota que o professor lhe der: existe a possibilidade de recusar uma nota e, deste modo, o aluno pode refazer a prova no “appello” seguinte. Caso o aluno tenha ido muito bem na prova, o professor pode propor a “lode” (louvor). Outra curiosidade: as provas são orais!
Tesi di laurea
A dissertação final (ou Tesi di laurea) é julgada por uma banca de professores (“Commissione di laurea”), que avalia a pesquisa, os resultados e metodologia, e claro, a defesa. A nota mínima para ser aprovado é 66 e a máxima é 110. Caso o trabalho final seja digno de louvor, a “Commissione” pode adicionar a lode à nota final.
Vale a pena fazer mestrado na Itália?
Responder a essa pergunta não é muito fácil. Mas acho que se você chegou até aqui, você está querendo uma resposta mais clara, não é mesmo?
Bom, depende do que você espera do seu mestrado. Você quer continuar morando na Itália após o curso? Ou você está buscando um up no seu currículo?
Experiência pessoal
Eu optei por cursar uma Laurea magistrale, ao invés de um Master universitario, porque eu gostaria de ter um título de pós-graduação que tivesse validade também na União Europeia – o Master universitario não é um título acadêmico reconhecido na Europa, é um curso de pós-graduação inerente ao contexto italiano.
Eu me formei em Letras na USP, mas gostaria de fazer um mestrado na Itália que aliasse Linguística, Comunicação digital e Política. Por isso, optei pela Laurea magistrale in Comunicazione pubblica, digitale e d’impresa.
Esse programa possui dois currículos: Media digitali e Comunicazione d’impresa. Eu optei pelo primeiro. O curso alia teoria e prática, oferece laboratórios profissionalizantes, além de promover viagens para festivais de comunicação e jornalismo pela Itália.
A minha experiência foi bastante positiva, além de ter me preparado para o contexto acadêmico italiano, também me preparou para o mercado de trabalho italiano (apesar de todas as dificuldades econômicas da Itália). Terminei o meu mestrado em junho, durante a pandemia, e fui aprovada com “110 e lode”.
De toda maneira, estudar em outro país é uma oportunidade única. Aproveitar essa oportunidade para desenvolver suas habilidades em um ambiente acadêmico, focado na produção de conhecimento é imperdível.
Quando temos a oportunidade de estudar em outro país podemos conviver com outras culturas e estar em um estabelecimento de ensino diferente daquilo que estamos acostumados. E ainda aprender a conviver com diferentes pessoas, aprender uma nova língua, enfim, acabamos por crescer tanto como pessoas quanto como estudantes/profissionais.
Independentemente da sua escolha, boa sorte!
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