A economia de Portugal passou por grandes mudanças na última década e vivia um momento bastante favorável antes do início da pandemia. Mas assim como muito países, a paralisação da economia gerou impactos negativos na economia que podem demorar até 2022 para se recuperar plenamente.
Fizemos um panorama da economia de Portugal, as previsões para o PIB, taxas de desemprego e as perspectivas para os imigrantes no país, confira.
Previsões da economia de Portugal pós-pandemia do coronavírus
Portugal vivia um momento bastante favorável antes do início da pandemia, mas com a paralisação da economia global, os impactos também foram sentidos em terras lusitanas. As previsões, entretanto, são positivas tendo em vista o cenário global de crise.
Taxa de desemprego
Em queda constante desde 2013, as taxas de desemprego em Portugal em 2019 atingiram o menor percentual do período, alcançando os 6,5%. Com a crise gerada pela pandemia, as previsões para 2020 não são otimistas, espera-se um aumento nas taxas de desemprego para 11%, caso o cenário não se agrave, mas podendo chegar a 13% caso a crise seja agravada.
Porém, vale destacar que a previsão do FMI é de recuperação para 2021 e 2022, com queda na taxa para 9% e 8,1% em um cenário otimista. E no cenário mais pessimista, o decréscimo seria de 10,8% e 9,5% nos anos seguintes.
PIB
As previsões da Comissão Europeia sobre o PIB para Portugal são relativamente otimistas. Prevê-se uma contração da economia de 6,8% em 2020, em 2021, a retomada seria de 5,8%, recuperando parcialmente as perdas do ano. Em 2019, o PIB português apresentou crescimento de 2%.
Setores mais atingidos
É inegável que alguns setores foram mais afetas que outros. Especialmente o turismo e o comércio sofreram com a paralisação da economia e as fronteiras fechadas da União Europeia.
Turismo
Certamente um dos setores mais atingidos pela crise gerada pela pandemia é o turismo. Com peso de 6,9% na economia de Portugal, o setor que crescia vertiginosamente até 2019 deve sofrer um forte impacto. Especialmente pelo período de fronteiras internas fechadas no espaço Schengen, assim como a externa, deve produzir uma queda significativa no número de turismo.
Com as viagens ainda suspensas para muitos países, a cadeia turística que engloba restaurantes, hotéis, alojamento local, tours e museus, entre outros sofre grande contração de seus lucros.
Já prevendo a considerável queda do setor, o governo lançou um pacote de medidas de apoio a economia. São diferentes linhas de crédito que beneficiam o setor de restaurantes, empresas de turismo (que inclui os alojamentos locais), agências turísticas, microempresas do setor, entre outras categorias.
Além das linhas de crédito, o governo também lançou medidas de flexibilização das obrigações fiscais e ações para estimular as empresas operacionais de turismo.
Comércio
Outro setor que viu os números despencarem e foi fortemente afetado é o comércio, especialmente o de vestuário. Em abril de 2020 a queda foi de 21,6% comparado ao mesmo período do ano anterior no país. Com a exceção dos comércios voltados para alimentação, como supermercados, o setor deve sentir o impacto também nos próximos meses.
Setor automobilístico
Assim como vem acontecendo em outros países, o setor automobilístico registrou quedas significativas no período de pandemia em Portugal. A queda em abril representou 84,6%, maior da história, não registrada nem mesmo durante o período da crise do final dos anos 2000.
Setores favorecidos
Mas nem tudo é perda durante e após a pandemia na economia de Portugal. Alguns setores apresentaram ligeiro crescimento no período e as previsões são positivas.
Supermercados
A alimentação, especialmente os supermercados apresentaram crescimento considerável durante o período, segundo a consultoria Nielsen, e não há previsão de decréscimo. No momento que antecedeu o confinamento, o setor teve crescimento de 31%, durante o período de 9% e no processo de reabertura de 17%.
Crise de 2008 x Nova crise na economia de Portugal
Nas palavras do vice-presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, “Portugal entra nesta crise com uma economia mais resiliente”. É bastante provável que o cenário da atual crise em nada se assemelhe a crise de 2008.
Um dos pontos que favorece essa visão, são as reformas pelas quais o país passou após a crise, que ajudaram a aumentar a competitividade do país no cenário internacional. Outro aspecto destacado que reforça a tese que o cenário de 2008 não vai se repetir é a situação da dívida externa do país, que à época era mais elevada e comprometia o acesso ao crédito.
Outro aspecto é o suporte da União Europeia desde o início da pandemia. O programa Sure é uma das iniciativas contra o desemprego, que visa reduzir os impactos a médio prazo da crise. Um dos principais objetivos é evitar despedimentos em massa, o que agravaria a situação econômica do país e do bloco.
Além desses aspectos, as previsões do PIB e da taxa de desemprego para 2021 são de melhoria, diferente da crise de 2008, que teve pior dos índices nos anos seguintes. A taxa de desemprego em 2008 foi de 7,55, com crescimento constante até 2013, quando atingiu o ápice de 16,18%.
O mesmo acontece com o PIB, enquanto após a crise se houve encolhimento, de 3,12 em 2009, atingindo 4,06 em 2012. A previsão atual é que ocorra encolhimento da economia apenas em 2020, sendo um reflexo direto do período de confinamento e dos meses seguintes.
Os estrangeiros serão mais afetados do que os cidadãos nacionais?
Sim, mas não necessariamente por serem estrangeiros. Existem vários tipos de imigrantes brasileiros em Portugal e alguns serão mais afetados, mas especialmente aquelas que trabalham no setor do turismo.
Um dos setores da economia mais afetados pela crise, o turismo teve uma onda de desemprego que afetou, primeiro, trabalhadores sem contrato, o que é o caso de imigrantes que ainda estão em processo de regularização no país.
Com as previsões para o verão pouco otimistas para o retorno dos turistas, as chances dos imigrantes não serem recontratados na mesma proporção é considerável.
Um levantamento português mostrou que os imigrantes que trabalham em Portugal, apesar de serem mais qualificados, são jovens e tem contratos de trabalho mais precários e salários mais baixos. Desta forma, com a crise podem ser diretamente afetados pela situação, uma vez que os contratos podem ser mais facilmente suspensos.
O impacto para os brasileiros da crise do coronavírus
Em 2008, antes do início da crise, haviam 178 mil estrangeiros trabalhando no país. Com a crise, esse número caiu e atingiu o ponto mais baixo em 2016, quando eram apenas 103 mil. A partir de 2017 o número de estrangeiros no país cresceu consideravelmente, entre 2018 e 2019 o número de brasileiros com autorização de residência cresceu 43%, totalizando 151 mil.
Com a retomada da economia, a migração brasileira voltou a ganhar força e é natural que com a crise do coronavírus, muitos brasileiros que vivem em Portugal retornem ao Brasil, especialmente pela falta de emprego.
Brasileiros voltaram ao Brasil durante a pandemia?
Foram muitas as notícias sobre brasileiros voltando ou tentando voltar para o Brasil com o início da pandemia e iminente crise em Portugal. A principal alegação dos brasileiros que tentavam voltar para o país durante a quarentena foi a falta de dinheiro, uma vez que muitos perderam empregos imediatamente.
Ao todo, durante a quarentena foram sete voos fretados pelo governo brasileiro para repatriamento, cerca de 1.900 pessoas foram repatriadas. Nesses números estão sobretudo turistas que estavam no país, prioridade do governo no repatriamento, mas também haviam imigrantes que não conseguiam se manter no país.
Há previsões de continuarem voltando?
Mesmo com a regularização dos brasileiros que estavam irregulares no país durante a pandemia, muitos já não tem condições de ficar. Assim como no cenário da crise de 2008, pode ser o que o número de brasileiros em Portugal tenha um decréscimo, especialmente pelas previsões para 2020, com a redução nas ofertas de trabalho.
Mas, com um futuro próximo otimista, a médio prazo o movimento de brasileiros que retornam para o Brasil não deve se intensificar. Especialmente tendo em vista o cenário pouco favorável do Brasil a médio prazo e as crescentes taxas de desemprego que o país vem registrando em decorrência da crise.
Histórico: como foi a crise financeira de 2008 em Portugal?
A crise financeira deixou reflexos na economia de Portugal. Em 2008, quando a crise econômica estourou nos Estados Unidos e se espalhou pelo mundo, Portugal não vivia um bom momento com o aumento dos salários, a redução das tarifas de exportações de baixo valor e a perda de competitividade.
Para piorar, dois dos maiores bancos – Banco Privado Português e Banco Português de Negócios – se viram expostos por fraudes contábeis e perdas acumuladas, o que enfraqueceu ainda mais a situação econômica.
No final de 2009, a dívida do país estava em 83%, bastante elevada em relação à média de 60% dos países da União Europeia. Além disso, o deficit orçamentário tinha sido de 9,8%. Em 2010, a situação da economia de Portugal piorou, com a subida da dívida para 96,2% e o deficit em 11,2%.
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Aumento do desemprego
Enquanto a reputação portuguesa piorava, o acesso ao financiamento externo se tornava cada vez mais distante. O desemprego chegou a 11% em 2010 e piorou em 2013, chegando a 16,2% – acima da média do bloco.
Troika em Portugal
Troika é o nome que se dá à equipe composta pelo Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia. A troika é responsável pela negociação, que tem o objetivo de estabelecer os compromissos que as autoridades portuguesas devem assumir para receber a ajuda financeira internacional solicitada pelo Governo em 2011.
O governo fez de tudo para controlar a situação de crise, mas tinha boa parcela de culpa na crise, já que os gastos com projetos haviam sido altíssimos nos últimos anos, visando aumentar a competitividade.
Dívida portuguesa crescia de forma exponencial
O baixo crescimento econômico acendeu a luz vermelha e Portugal se viu diante de uma dívida pública gigantesca. Para se ter ideia, em 2010 a dívida soberana do país ultrapassava 96,2% do seu PIB e o déficit orçamentário era de 11,2%.
O país, que tinha uma dívida pública maior que 90% do PIB em 2011, recebeu um empréstimo de 78 bilhões de euros, divididos entre o Banco Central Europeu, a Comissão Europeia e o Fundo Monetário Internacional — conhecidos como “troika”. Em troca, a troika exigiu de Portugal políticas de austeridade, como cortes nos gastos com saúde e educação.
Em 2014, Portugal disse adeus à troika, abandonando o programa de resgate financeiro e terminando o pagamento a seus credores. O então primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, anunciou a “saída limpa” do programa, sem recorrer a programas cautelares, voltando, assim, autonomamente aos mercados.
Em 2015, ao tomar posse como primeiro-ministro de Portugal, António Costa, do Partido Socialista, colocou fim ao período de forte austeridade.
Saúde da economia Portuguesa
Portugal é um país desenvolvido, com alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH): 0,897. O país apresentou um elevado desenvolvimento econômico e transformação desde que passou a integrar a UE.
A economia de Portugal é bem diversificada e tem como base a iniciativa privada de empresas bem estruturadas, que vão desde multinacionais a pequenas empresas.
De acordo com o site Numbeo, o indicador de compra da população portuguesa é baixo e o custo de vida em Portugal também é baixo.
Áreas com maior desenvolvimento atual na Economia de Portugal
O setor terciário, de serviços, é o que mais contribui para a economia de Portugal, principalmente por causa do turismo no país. Mais de 75% do PIB nacional dependem dessa área, assim como mais de 70% da população empregada.
Segundo dados da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), o turismo em Portugal equivale a 16% da atividade econômica no país, cerca de 3,24 milhões de euros e 2,1% do PIB nacional.
A economia de Portugal vem apostando nos setores com maior incorporação tecnológica, principalmente os setores automobilísticos e de componentes, eletrônico e de energia.
Em relação aos serviços, os setores que mais têm se desenvolvido são o farmacêutico, as novas tecnologias de informação e comunicação e, claro, o turismo, do qual vale frisar que o país se beneficia da localização privilegiada, da faixa costeira e do clima mediterrâneo.
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Setor primário
O país é bastante rico em recursos naturais e a extração mineral representa 6% do PIB nacional, sendo o cobre e o estanho os materiais mais explorados. O setor agrícola é responsável por 2,5% do PIB e emprega mais de 5% da população portuguesa.
Cereais (trigo, cevada, milho e arroz), batatas, tomates, azeitonas e uvas são os produtos agrícolas mais explorados.
Vale frisar que esse setor era o mais importante do país até a década de 60, quando o setor industrial começou a crescer e se destacar.
Setor secundário
A indústria representa 22% do PIB nacional e cresceu fortemente a partir da década de 50, quando mudanças expressivas ocorreram na sociedade portuguesa – incluindo o êxodo rural, investimentos em colônias africanas e criação da sociedade de consumo.
As principais áreas de atuação são a metalurgia, engenharia mecânica, indústria têxtil e construção civil, além da produção de artigos de couro e calçados.
Setor terciário
A economia de Portugal depende muito do setor de serviços, em especial por conta do turismo. Mais de 75% do PIB nacional depende dessa área, assim como mais de 70% da população empregada.
Segundo dados da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), o turismo em Portugal equivale a 16% da atividade econômica no país, o que equivale a 3,24 milhões de euros e 2,1% do PIB nacional.
Exportação e importação em Portugal
Um dos principais problemas da economia de Portugal é a balança comercial desfavorável, pois o valor das importações supera o das exportações.
Seus principais parceiros comerciais são os países da União Europeia, em especial Reino Unido, Alemanha e França, e o Portugal depende fortemente do comércio internacional para manter a economia aquecida.
Produção de energia e dependência de petróleo
A produção de energia é um dos setores mais carentes, e por isso o país depende da importação de petróleo e produtos petrolíferos, gás e eletricidade.
Mais da metade da eletricidade produzida no país é proveniente de fontes renováveis e o carvão é responsável por quase 5% dessa energia; sua produção nacional, no entanto, decresce cada vez mais desde a década de 1990.
Outras importações
O país também importa alimentos, bebidas, trigo, maquinaria, automóveis e matérias-primas.
Principais exportações
Na contramão, exporta produtos têxteis, de vestuário e calçado, mármore, polpa de tomate, pasta de celulose, azeite, frutas, cortiça e vinho.
Principal exportador de vinho no mundo
O vinho português é um carro chefe, sendo que Portugal está entre os 10 principais exportadores da bebida no mundo – representa 1,4% do total de exportação do país -, seguido da cortiça, cuja metade da produção mundial se concentra ali.
Outras exportações
O país também exporta tungstênio, sendo que a maior parte extraída é destinada para fora, e peixes como sardinhas, anchovas, atum e bacalhau.
Dados relevantes da economia de Portugal
Portugal integra a União Europeia desde 1986 e tem como moeda o euro. Sua economia é bastante diversificada, tendo como base a iniciativa privada de pequenas empresas e grandes multinacionais, e sendo destaque nos setores agrícolas, de extração, de turismo e exportação de vinhos.
Confira alguns dados atuais importantes sobre a economia de Portugal.
- PIB (nominal): 237,98 bilhões de dólares (referência: ano de 2018);
- Renda per capita: 680 de dólares (referência: ano de 2018);
- Produtos agrícolas: trigo, milho, batata, tomate, uva e azeitonas;
- Pecuária: bovinos, suínos, ovinos e aves;
- Mineração: cobre, urânio, granito, calcário e mármore;
- Indústria: vestuário, têxtil, química e produtos eletroeletrônicos (domésticos);
- Inflação anual: -0,3% (dados de julho de 2019).
Agora que você já sabe tudo sobre a economia de Portugal, saiba também como viajar para o país.
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